O SPFW veio, certamente para abalar as estruturas da moda nacional. E o embrião do que hoje é uma das maiores semanas de moda do mundo (o SPFW) foi segundo Paulo Borges, seu criador, o Phytoervas Fashion, que surgiu em 1993.
Gloria Coelho, Alexandre Herchovith e Ronaldo Fraga compuseram um casting que trouxe para o cenário mundial a imagem de uma moda que estava se desenvolvendo graças ao Phytoervas. Falar sobre moda não era comum no Brasil e jamais se imaginaria que existisse “conceito de marca”, por exemplo. Há 14 anos, as referências de moda para o Brasil proviam do mercado europeu. As revistas brasileiras faziam seus editoriais de moda baseadas no que as internacionais traziam. Os estilistas da época eram obrigados a seguir tendências ditadas pelo setor têxtil internacional. Contudo, havia a necessidade da moda brasileira explorar o universo cultural do próprio país. Foi assim que modelos, produtores, stylists e jornalistas de moda despontaram para um setor em ascensão. O Phytoervas Fashion foi transmitido ao vivo pela MTV, naquela época.
Em 1996, acreditando-se que, definitivamente havia espaço no Brasil para uma semana de moda organizada, próximo do que se via lá fora, o evento passou a se chamar Morumbi Fashion, com quatro desfiles diários e um público de cerca de 300 pessoas. Foi nesse período também que surgiram tops como Gisele Bündchen, Ana Claudia Michels e Isabeli Fontana. Grandes nomes do mundo da moda brasileira ficaram conhecidos: Ricardo Almeida, Ronaldo Fraga e Reinaldo Lourenço. Além disso, a abertura do mercado interno dada pelo Governo Collor para as importações, obrigou os empresários brasileiros a investir em tecnologia para combater a entrada dos produtos estrangeiros, inclusive os de grandes marcas como Chanel e Versace que chegavam ao Brasil na década de 90.
Em seguida, em 2001, o evento denominou-se São Paulo Fashion Week (SPFW) que atualmente é uma das maiores semanas de moda do mundo. Disse Paulo Borges, em entrevista ao programa Altas Horas, da rede globo “Olha, eu trabalho com moda já tem quase 30 anos. Eu viajava muito, assistia em Paris os desfiles e os de Milão também. E no Brasil não tinha isso! Ai eu resolvi começar a organizar essa história no Brasil, quando a economia começou a se acertar em 90 ai o mercado abriu e eu falei: ‘Bom, acho que agora é hora, demorou um pouco e em 96... começou’”.
Com a declaração acima de Borges, podemos ver que o Calendário Oficial da Moda Brasileira foi criado para alargar as fronteiras da moda brasileira, afinal, o brasileiro é colorido, vibrante, alegre e diverso. A nossa moda, apesar de se encontrar ainda em consolidação, expressa isso. Com o SPFW, a moda inseriu-se como fator determinante no desenvolvimento econômico-industrial e no âmbito cultural do Brasil além de alavancar as fronteiras e fazer a moda nacional ser conhecida lá fora. O evento também contribuiu para a profissionalização de uma cadeia imensa que envolve estilistas, modelos, produtores, tecelagens, agências, técnicos e indústria em geral. "O SPFW é uma grande vitrine para o bem e para o mal. Todos os profissionais da moda vem para conhecer as novas caras, quem apareceu, quem se deu bem, quem se confirmou", afirma Érika Palamino.
Atualmente, o evento apresenta duas edições anuais: uma em janeiro, com a antecipação das coleções de inverno e a outra em julho, com coleções de verão. Os investimentos também cresceram: de 600 mil reais em 1993, para cerca de 6 a 7 milhões nas últimas edições. O número de desfiles também aumentou e chegou a 49 em janeiro de 2009, com a entrada de novos estilistas.
Com o SPFW a moda Brasileira está sendo reconhecida no fashion business internacional. Hoje, ele é o maior e mais importante evento de moda da América Latina e já pode ser considerado como participante da moda mundial, entre as principais semanas de moda como as de Paris, Milão, Londres e Nova York e tem importância ímpar na divulgação de produtos com design e com características do nosso país.
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