quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A grande parede branca

Sentada em sua cama com as pernas cruzadas em frente ao corpo, ela encara a parede. Seus olhos tão fixos na imensidão branca, assustam qualquer um que tente a encarar de volta. Seus traços faciais são indecifráveis, ninguém sabe o que ela pensa. Ninguém sabe o que ela quer. Ninguém sabe o que acontece em sua confusão cerebral. Ninguém sabe de seus sentimentos. Ninguém nem sabe seu nome. Mas quem se importa? Ela é apenas mais uma em um milhão, uma rejeitada. Ela chama alguém, mas ninguém a escuta. Ela quer atenção, mas ninguém é atencioso o suficiente para notar que ela sofre calada. Suas palavras são ruídos em meio a tanto barulho. Seus gritos, silênciosos. Ela não quer incomodar, como se tal fosse possível. Todos passam pela pequena garota, desprotegida da estupidez alheia. Oh, pobre inocente. Sozinha no quarto. Sozinha na casa. Sozinha no mundo, na vida. Acostumou-se a isso, fechou-se em seu mundo. Não importa mais. Nada nunca importou. Quem deveria guardá-la e aliviá-la, a desprezou como um lixo orgânico. E agora ela é apenas uma alma perdida, sem vida no corpo humano. Que não mais pensa, não mais fala ou sequer chama por ajuda. Seus gritos silênciosos foram calados pela solidão que a venceu. Sua única companheira, a grande parede branca, permanece a velá-la em sua escuridão interna.(créditos)

Nenhum comentário:

Poderá também gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...