quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Diferenças extremas

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Coração e cérebro geralmente não dizem as mesmas coisas. No meu caso, eles nem se conhecem. Talvez se eles se conhecessem não se dariam bem. Diferença demais sabe?
Um adora chorar e espalhar seus pedacinhos por aí. Sensível ao extremo. Age por impulso, não pensa muito, na verdade, ele nunca pensou. Acha melhor assim. Diz que pensar te faz encontrar barreiras que provavelmente te impedirão de realizar o que quer. Se apega facilmente à quase todos que se aproximam demais. Acha que seu espaço é imenso e não importa quantos já estejam lá, sempre caberá mais um. Tem uma batida diferente e alegre sempre que vê uma dessas pessoas que estão guardadas consigo. Ele gosta de falar, mas acaba falando baixo demais e quase sempre não é ouvido.
O outro nunca chorou, e segue firme e forte na teoria do playmobil: Nada do que possa acontecer vai tirar o sorriso do meu rosto. Portanto pensa em algo pra resolver isso logo, e não demonstra que tem algo errado. A sensibilidade para ele é raridade. Nunca agiu por impulso, e eu acredito que nunca agirá. A razão é a sua maior arma. Ele sempre pensa mais de mil vezes antes de fazer alguma coisa. Considera os prós e os contras, as facilidades e as interferências que poderão aparecer. Ele sempre disse que se você não pensa antes de fazer algo você tem 99,9% de chances de se arrepender depois.
 Ele sabe bem o que diz. Nem sempre foi assim tão automático e ditador. As coisas não deram muito certo da ultima vez que baixou a guarda. Ele resolveu deixar tudo nas mãos de um tal de coração. Nunca tinha visto o cara. Mas pensou que talvez, ele fosse um cara esperto que não se meteria em encrencas. Suas expectativas estavam erradas, e o coração bobo acabou sim fazendo uma burrada. E alguém por fim, sofreu um pouco mais do que devia. Após o ocorrido o cérebro não queria, não podia deixar as coisas serem comandadas por alguém tão despreocupado como o coração.
O cérebro ao contrário do coração não guarda pessoas e sim duas caixas que consequentemente tem momentos passados ao lado dessas pessoas. Uma das caixas é toda enfeitada, e tem uma luz bonita que sai de dentro dela quando é aberta, tem cheirinho de jasmim. Nessa caixa ele guarda todas as lembranças bonitas que teve e que viveu. Guarda olhares indecisos e reveladores. Sorrisos tímidos, indiscretos e os discretos também. Abraços apertados. Palavras doces, carinhosas, de força e motivação. Brincadeiras bobas, monólogos amorosos. Cenas despercebidas. Emite frequentemente cantos e risos envolventes. E mais um amontoado de coisas fofas. Dizem que o fundo desta caixa se estende ao infinito e cabem tantas coisas lá que nós não conseguiríamos imaginar.
A outra caixa que o cérebro tem, é um tanto assustadora, não é bonita e nem tem cheiro de jasmim. Tem um ar de tarde sem sol. Não exala nenhum odor. Não emite som algum. Tudo é silêncio. Guarda cenas de rostos afogados em lágrimas, imagens de perdas e tristezas. Guarda choros calados, tropeços, machucados, decepções e guarda também aqueles pedacinhos que o coração deixa cair. Ah, e essa caixa tem um estoque de bandaids! Caso seja necessário.
O cérebro só não guarda mágoas, nem rancor ou ódio. São coisas temporárias. Ele não gosta desses sentimentos, faz com que tudo fique nublado e quase sempre exerça uma força grande sobre a caixa enfeitada não deixando que nada saia dela.
O cérebro tem uma voz imponente e acaba sempre abafando a voz do coração.
Sabe, esses dois podiam sim, ser amigos. Eles se encaixam, chegam ao equilíbrio perfeito juntos. E direta ou indiretamente se comunicam, querendo ou não. Eles juntos não são muito, nem pouco, apenas o ideal. Algum outro órgão dentro de mim faz o favor de apresentar esses dois um ao outro? Já esta mais do que na hora de me favorecer das sementes desta amizade. E quem disse que eles não poderiam se dar bem? Ah , é. Fui eu. Desculpa eu não tinha parado pra pensar nas características de cada um.

Betina Suziellen

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